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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Por Nelson Bomilcar

Gostei muito mesmo desta peça...; não gostei nada daquela música...; que coisa linda aquela escultura, BAH...; pintura esdrúxula e com péssimo gosto; ...eu falei que era poema pobre e sem sentido.....; ...puxa, mas tinha 5 estrelas de recomendação para assistirmos a este filme.....sinto-me lesada em ter vindo a este concerto......Pois é, vivemos com esta dualidade e incoerência dos que se “tornam” críticos de arte. Nós mesmos acabamos assumindo este papel o tempo todo, não é verdade?!
De maneira geral, o conceito de arte é extremamente subjetivo e, portanto, muito amplo. Mas, genericamente, a arte varia em pelo menos quatro aspectos:
a. A cultura a ser analisada
b. O período histórico
c. O indivíduo em questão
b. Sua herança e vivência pessoal
Na visão cristã, de maneira genérica, vemos a ARTE como expressão da criatividade de Deus no Universo, criado por ELE mesmo, no tempo e na história. Arte também é a expressão da criatividade do homem recebida do Seu Criador. Portanto, estão e estarão sempre absolutamente integradas.
O homem criado à imagem e semelhança de Deus “faz arte para viver” ou vive para fazer arte em todas as suas direções relacionais. O homem, ocupando seu espaço no mundo e em sua interação com todas as áreas da vida, criou objetos para satisfazer suas necessidades espirituais e emocionais. Criou também para suas necessidades práticas, como as ferramentas para plantar, cavar a terra e os utensílios de cozinha.
Outros objetos são criados por serem interessantes ou possuírem um caráter educacional e instrutivo. O homem cria a arte como experimentar da vida, como meio de vida, para que o mundo saiba o que pensa, para divulgar as suas crenças (ou as de outros), para usufruir, estimular e distrair a si mesmo e aos outros tendo prazer nas coisas criadas, para explorar novas formas de olhar e interpretar objetos e cenas no tempo, espaço e história. O mundo necessita de arte!
Porque fazemos arte e para que a usamos é aquilo que chamamos de função da arte, que pode ser feita para o RELACIONAMENTO HUMANO, decorar o mundo, para espelhar ou retratar o nosso mundo (naturalista), para ajudar no dia-a-dia (visão utilitária), para explicar e descrever a história, para nossa alegria e prazer, para ser usada de maneira terapêutica e para ajudar a explorar e conhecer o mundo.

Como entendemos a arte de maneira cristã?
A arte é um caminho de diálogo, de aproximação, de apreciação, de expressão existencial, expressão das percepções diversas do ser humano; e, portanto, o aspecto estético do BELO passa ou está ligado à visão do ser humano do divino, da criação e da vida.
Francis Schaeffer escreveu que a visão e a compreensão de Deus é o início de tudo. Sua fala encontra eco na visão de Agostinho, que afirma ser a arte a expressão da alma humana diante da Criação e do Criador.
É por isso que não podemos, num primeiro momento, pensar em outra Pessoa quando aplaudimos alguém que expressa em diversos caminhos sua capacidade criativa. Numa mostra de pintura ou escultura, num show musical, nos versos de um repentista, numa expressão corporal bem feita no grupo de coreografia, ou num belo hino ouvido por um coro. Deus é o Criador e nossa teologia deve reafirmar isto sempre. Se o diabo distorce o seu conteúdo, ou a pessoa dedica a sua arte depois para outra coisa, isto é uma outra história e objeto de mais uma análise ou artigo.
O que vemos, então, quando admiramos uma arte depende da nossa experiência e de nossos conhecimentos, da nossa disposição no momento, da nossa imaginação e daquilo que o artista pretendeu mostrar. Mas, e os críticos? Porque atribuem ou não valor a esta ou aquela expressão?
O chamado criticismo artístico ou histórico está presente na história da arte. Eles são “os filtros”, as peneiras pelos quais a ARTE é considerada e valorizada. A crítica (nós e os outros), portanto, tem o poder não só de atribuir o estatuto de arte e valor a um objeto, mas de classificá-lo numa ordem de excelências, segundo critérios próprios ou de cada século. Em cada cultura, encontramos NOÇÕES que vão construindo um terreno com critérios para avaliação.
É por isso que vemos as opiniões de tantas pessoas diferentes, pois cada um aprecia o belo segundo suas heranças e informações absorvidas. Claro que o fator cultural é importante neste processo e vemos o quanto o desconhecimento de sua própria cultura afeta uma atribuição de valor.
E o estilo? Por que rotulamos os estilos de arte? Estilo é como o trabalho de cada um se mostra, depois do artista ter tomado suas decisões à luz de sua herança e capacidade. Cada artista possui um estilo único. Imagine se todas as peças de arte feitas até hoje fossem expostas numa sala gigantesca. Nunca conseguiríamos ver totalmente e objetivamente quem fez o quê, quando e como. De fato, aproximamo-nos bastante, mas não conseguimos avaliar com sucesso todas as intenções do autor ou do artista. Podemos verificar com algumas ferramentas que tipo de arte foi feito, quando, onde o como; desta maneira, estamos dialogando com a obra de arte, e assim podemos entender as mudanças que o mundo teve. Toda arte deve ser vista à luz da época em que foi produzida, para que ela ganhe significado correto e não seja desvalorizada pelas mudanças sociais de cada século. Para que seja apreciada da melhor forma.
Avaliemos nossa maneira de pensar ou de julgar uma expressão de arte. Precisamos de honestidade, sensibilidade e raciocínio correto ao avaliarmos qualquer expressão de arte e respeitarmos a essência da arte e sua filosofia. Inspiração de alguém para alguém, comunicação nem sempre objetiva e muitas vezes subjetiva.
Artistas desejam espalhar suas idéias e convicções ou suas contradições. Os artistas cristãos deveriam estar fazendo o mesmo: espalhando a arte e a realidade do Artista Maior, e seus propósitos para o homem e Sua criação. O Evangelho precisa cada vez mais destes artistas em todas as áreas de expressão. A Igreja precisa pregar e ensinar isto. É terreno absolutamente santo, separado também para a manifestação da Sua glória e beleza.
Artistas cristãos também são chamados para serem espelhos da criatividade do Criador, que vão constatando, cantando, declamando, pintando, dançando e contando a história! Vai interagindo no tempo e na história com Deus, com Sua Criação e a raça humana, sabendo que esta história se fecha um dia no KAIRÓS e no CRONOS. Já vivemos a realidade do ETERNO.
Portanto, continuemos espelhando na vida e na ARTE, o poder criativo de Deus, de Jesus, Daquele que redimiu a cultura, a criação, a arte, o coração, a alma, e a própria história de cada um de nós em todos os tempos e em todas as etnias!

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